Ufotable: Produção de “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba”

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Kimetsu no Yaiba Ufotable Behind Scenes Capa

Você já se perguntou como uma obra-prima do mundo dos animes como “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba” foi criada? E não, não foi um surto coletivo, a quantidade enorme de técnologias, esforço e dedicação aplicada na obra foi acima da média até mesmo para o Ufotable resultando em uma qualidade deslumbrante.

Vamos desvendar os segredos por trás do sucesso explosivo dessa série, desde a sua animação impressionante até os detalhes meticulosos da sua produção. Prepare-se para uma jornada pelos bastidores desta incrível produção que encantou fãs de todas as idades e lugares.

Os talentosos Yuichi Terao, diretor de fotografia do departamento de vídeo digital, e Kazuki Nishiwaki, diretor 3D, contam os mistérios e desafios enfrentados durante a criação desse universo tão amado.

Prepare-se para mergulhar nos bastidores e conhecer de perto a magia por trás de “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba”.

 

Sobre o estúdio Ufotable

É o mais badalado estúdio de anime dos últimos tempo. (Fim) Brincadeira!

O estúdio começou como um pequeno estúdio liderados por um visionário chamado Hikaru Kondo. A sua primeira era foi marcada por experimentação selvagem e criatividade sem limites. Sob a direção de Takayuki Hirao, o estúdio produziu uma série de obras inovadoras que desafiaram as convenções do anime tradicional. No entanto, o verdadeiro ponto de virada veio com a parceria da Ufotable com a TYPE-MOON para adaptar The Garden of Sinners para os cinemas. Este projeto ambicioso não só elevou o status do estúdio, estabeleceu o estilo visual distintivo da Ufotable mas também definiu o padrão qualidade em que toda a industria almeja.

Atualmente, a Ufotable é reconhecida como um modelo de excelência na indústria da animação. Com uma abordagem centrada na produção interna e uma cultura de colaboração, o estúdio continua a impressionar tanto os fãs quanto os críticos.

Apesar dos desafios ao longo do caminho, a Ufotable permanece fiel à sua visão original de criar animações que transcendem as expectativas e cativam o público em todo o mundo.

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Desvendando a Magia da Respiração da Água.

Em uma conversa exclusiva para a Autodesk, os talentosos Yuichi Terao e Kazuki Nishiwaki nos levam aos bastidores da produção da Respiração da água usada por Tanjiro.

Desde os estágios iniciais de pré-produção, eles mergulham de cabeça na pesquisa e na experimentação para capturar a essência da técnica central do anime.

Terao compartilha a paixão da equipe em entregar uma experiência autêntica aos fãs. Eles não apenas reproduzem fielmente as expressões da obra original, mas também elevam a arte a novos patamares. A utilização da CG permite não apenas criar simulações vívidas, mas também promove uma colaboração intensa entre os membros da equipe.

A respiração da água é uma técnica central no universo de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba, e sua representação visual no anime é muito impressionante.

Nishiwaki revela o segredo por trás da estética impressionante da respiração da água: inspiração no estilo ukiyo-e, uma forma de arte japonesa tradicional.

Ele pesquisou obras de ukiyo-e e criou vários padrões para mostrar aos diretores. Ao pesquisar obras clássicas e experimentar diferentes padrões, eles encontram a combinação perfeita que encapsula a essência do anime.

Terao menciona que eles se esforçaram para recriar fielmente as expressões da obra original usando CG para criar simulações de vídeo de visualização.

Essa abordagem meticulosa contribuiu para a fidelidade da adaptação animada em relação à obra original, especialmente na representação das técnicas de respiração, como a respiração da água de Tanjiro.

 

O Castelo Infinito

No episódio 26, os telespectadores foram apresentados ao impressionante “Castelo Infinito”, uma obra-prima visual que desafia as noções de espaço e perspectiva. Mas como essa maravilha foi criada? Vamos nos aprofundar.

Tudo começa com uma ideia e um storyboard. Na ufotable, conhecida por suas obras visualmente deslumbrantes como “Kara no Kyoukai”, a equipe mergulha de cabeça desde o início.

Terao, responsável pelos storyboards do Castelo de Mugen, compartilha como a equipe incorporou a computação gráfica desde o estágio inicial. Uma prática não tão comum, mas vital para a visão que eles buscavam.

Ao entrar no mundo da CG, é necessário mais do que apenas habilidades técnicas. Iwata, membro da equipe com conhecimentos em arquitetura, desempenhou um papel crucial na modelagem do castelo.

Com mais de 30 versões prototipadas, a equipe enfrentou desafios únicos para criar a ilusão de infinitude.

Mas a magia não para na modelagem. A animação e a direção da cena são fundamentais para transmitir a essência do castelo.

Goso Sato, o mago por trás da câmera, foi o responsável por criar a ação cativante que mantém os espectadores grudados na tela. Uma colaboração meticulosa entre diferentes equipes resultou em uma sequência deslumbrante e imersiva.

Criar algo tão grandioso leva tempo e paciência. Terao revela que alguns cortes podem levar até dois meses para serem concluídos!

E o processo de pesquisa e desenvolvimento é contínuo, buscando constantemente novas formas de expressão e aprimoramento.

 

Design dos Personagens

Terao nos leva ao mundo dos desenhos de personagens, revelando como cada detalhe, desde os padrões de roupas até os movimentos sutis, é meticulosamente planejado. A equipe de animadores de desenho desempenha um papel crucial aqui, garantindo que cada cena transmita a essência dos personagens de forma impecável.

As roupas do Zenitsu, com o padrão triangular representou um desafio para o design de animação. Os personagens se movem, e por isso os triangulos se movem junto, dentro de um tecido. Mesmo os elementos mais simples, exigem um trabalho meticuloso.

Cada diretor de animação pesquisou como desenhar da forma mais eficiente e criou um manual para cada personagem.

O Desafio da União entre CG e Animação

Em uma discussão sobre a interação entre CG e animação tradicional, Terao e Nishiwaki revelam os desafios únicos enfrentados pela equipe. Desde decidir quando utilizar CG até garantir que a transição entre os dois seja perfeita, cada etapa requer uma cuidadosa consideração.

Quando se trata de desenhar uma história, para nós o desenho é de longe a forma mais precisa de expressar as emoções e movimentos dos personagens principais. No entanto, é necessário muito trabalho para expressá-lo. Basicamente, o ato de desenhar consome muito do cérebro humano. No entanto, se for omitido ou eliminado porque custa dinheiro, entrará em conflito com o original e criará uma sensação de desconforto.

Yuichi Terao

Diretor de Fotografia, Ufotable

Como a animação é tem custos limitados, acredito que uma das funções do departamento digital é apoiar a talentosa equipe de animação para que possam focar nos cortes e atuações que realmente são necessários.

Kazuki Nishiwaki

Diretor de CGI, Ufotable

Nishiwaki preparou algumas imagens de personagens que são completamente CG, ou parcialmente CG, mas o resto é desenhado. Por exemplo, o Demônio Aranha – Irmão Mais Velho.

“Neste caso, o rosto do irmão mais velho de Yume está desenhado e seu corpo é CG. Aqui está um exemplo perfeito de como a equipe de Demon Slayer equilibra habilmente a animação tradicional com os recursos da CG para criar personagens e ambientes convincentes.

É difícil desenhar animais corretamente, e não é apenas sobre personagens humanos! Até mesmo os animais requerem atenção especial. É por isso que muitas cenas que não envolvem personagens principais são criadas usando CG, para garantir que tudo, desde corvos até sinos de vento, ganhe vida de maneira autêntica.”

Nishiwaki complementa dizendo que criar o modelo primeiro contribui tanto para a velocidade quanto para a qualidade do processo de desenho.

 

“Aqui está a chave para a harmonia entre animação 2D e CG: começar com modelos 3D permite uma compreensão mais profunda das cenas e facilita o trabalho dos artistas na hora de adicionar os toques finais de animação tradicional.”

Dêmonio Aranha

Ferreiro

Terao destacou a eficiência de se começar com um modelo em 3D, permitindo que o trabalho duro comece já a partir de 60%, economizando tempo e recursos. Essa abordagem, segundo ele, é crucial para alcançar alta qualidade sem comprometer o prazo.

Nishiwaki compartilhou insights sobre o processo cuidadoso de decisão, desde a fase inicial de desenvolvimento da direção até as reuniões detalhadas focadas no uso de CG. Ele enfatizou a importância de uma relação de confiança construída ao longo do tempo entre equipes de animação, CG e arte/finalização, destacando que essa parceria é fundamental para superar desafios técnicos e garantir uma produção de qualidade.

A equipe concordou que, no final, somente aqueles envolvidos diretamente na produção podem determinar o melhor equilíbrio entre CG e animação tradicional.

Com uma década de experiência e aprendizado, eles continuam a explorar e aprimorar as melhores práticas para criar uma fusão perfeita entre esses dois mundos distintos da animação.

Curiosidades de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba e Ufotable

Um aspecto intrigante que surgiu na entrevista foi o tempo necessário para produzir o primeiro episódio. Nishiwaki explicou que levou um ano para alcançar a consistência desejada, principalmente devido à busca incessante pela direção perfeita. Terao detalhou o processo meticuloso de criação, desde testes iniciais até ajustes contínuos, levando a uma evolução constante ao longo de um ano inteiro.

Esse tempo prolongado foi também dedicado à pesquisa minuciosa de locações, com a equipe visitando locais diversas vezes para capturar detalhes realistas. Cada elemento, desde a disposição das árvores até a textura do solo, foi meticulosamente considerado para criar uma floresta que parecesse genuína. Essa atenção aos detalhes é uma marca registrada do estúdio ufotable, onde cada membro da equipe está comprometido em garantir a excelência.

Confira imagens dos cenários dentro do 3D Max.

Confira imagens dos cenários dentro do 3D Max.

A colaboração próxima entre os departamentos, sem barreiras entre produção, animação e CG, também foi destacada.

Essa abordagem facilita a comunicação e permite que problemas sejam resolvidos de forma rápida e eficiente, garantindo que a qualidade do trabalho não seja comprometida.

Terao enfatizou o compromisso da equipe em criar um produto que honre os fãs, mesmo que isso signifique enfrentar desafios consideráveis.

É mais fácil falar do que fazer, mas se você fizer coisas como “não desistir até conseguir” quando encontrar dificuldades, você terá habilidades altamente versáteis, mesmo quando se tornar um profissional. Se você fizer isso, poderá ir cada vez mais longe, então acho que seus pontos fortes irão aparecer.

Existem muitos exemplos anteriores online, mas preparar-se para enfrentar um problema que você nunca viu antes é algo feito sob medida e único, e você não tem escolha a não ser derrota-lo sozinho. Acho que as pessoas que têm esse tipo de determinação são fortes.

Afinal, quero que cada um de nós se lembre de que somos todos artistas. Quero que valorizem a importância de sempre se esforçarem para que o enriquecimento das suas obras e o enriquecimento dos seus utilizadores conduzam à sua própria felicidade.

Yuichi Terao

Diretor de Fotografia, Ufotable

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No fim das contas, a produção de Demon Slayer não foi apenas um esforço individual, mas uma colaboração coletiva em busca da perfeição.

Essa mentalidade centrada na equipe foi essencial para superar os obstáculos, adversidade na produção e alcançar os mais altos padrões de qualidade na animação. Esse é o segredo do Ufotable.

 

Carlos Vizeu é Diretor, Animador, Designer e Artista de Storyboard. Nasceu em 24 de outubro de 1989 em Niterói – RJ – Brasil e iniciou sua carreira aos 17 anos, como Compositor Digital audiovisual. Tendo mais de quatorze anos de carreira.

Carlos Vizeu

Diretor, Noches Productions